sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

A verdade sobre o viés da fenomenologia existencial


A verdade é o exemplo mais clássico de um assunto extremamente complexo e difícil para se tratar em qualquer área do conhecimento,  principalmente, pelo aspecto da verdade ser totalmente questionável e completamente subjetiva. Me arriscarei, entretanto, a tratar desse assunto, pois seguramente, não ferirei nenhum dos princípios da verdade supramencionados.
Ao falar sobre verdade impreterivelmente falamos sobre mentira. Segundo o que se conhece sobre verdade, e para que se possam valer os princípios que a permeiam, não entrarei no mérito da mentira.
 Antes que todos comecem a pensar acerca da mentira como inerente à verdade, adianto-lhes que a verdade e a mentira como, comumente, são conhecidas não interessam tanto quanto, olhar para “a verdade que desvela”.
Fatalmente quando um indivíduo está passando por alguma intempere em sua existência é criticado, por pessoas próximas, por, nem sempre, contar o fato como ele realmente ocorreu. É corriqueiro, ainda, escutar de alguém em quem confiamos e buscamos ajuda, a seguinte frase: “me conte exatamente o que aconteceu (a verdade)”.
Segundo o que se entende como verdade só é possível fazer qualquer coisa quando temos a exatidão dos fatos. Para a compreensão da verdade como sendo algo certo, concreto, objetivo e irrefutável, nada mais óbvio que ouvir um discurso verdadeiro acerca do assunto que se vai permear a conversa, como no caso do exemplo acima. Essa verdade em que se encerram ideias de concretude, exatidão e objetivação (Veritas) não diz tanto, para a fenomenologia existencial, quanto à possibilidade de desvelamento a partir do sentido que se atribui ao assunto trazido (Alétheia).
Para um psicólogo pautado na fenomenologia existencial, saber como – exatamente – os fatos se deram não tem tanta importância, mas, é fundamental que possa vir à tona o sentido que o indivíduo atribuiu a respeito do assunto tratado (“a verdade que desvela”), isso é, a verdade que é trazida pelo indivíduo. Por isso não cabe muito ao profissional questionar, ou se prender ao porquê das coisas.
Pode parecer incomum para a maioria das pessoas o fato de não serem questionadas do “porquê” das coisas, mas sim, convidadas a falarem a respeito do sentido que atribuem para os fatos – previamente – citados, entretanto, é a partir daí que o indivíduo poderá, em alguns momentos, se desvelar e dessa maneira voltar às coisas mesmas.



segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Obesidade e o papel do Psicólogo


A obesidade, no Brasil, segundo estudos de um passado recente, assolava quase 50% da população e o fenômeno não foi uma exclusividade brasileira, já que o cenário se repetiu nos Estados Unidos, por exemplo. É compreensível que ao falar qualquer coisa a respeito da obesidade serei fatalmente recitativo, entretanto, muitas perguntas ainda pairam sobre o assunto sem uma única resposta completa, exemplo disso seria a pergunta: o que ocasiona a obesidade?
            Sabe-se que a obesidade é fundada sobre inúmeros pilares como, ansiedade, frustração, insatisfação, tristeza, distúrbios na tireoidedistúrbios hormonais e muitos outros. Muito conhecimento informal também é criado acerca do assunto, um exemplo extremamente comum é quando ouve-se dizer: "fulano é obeso porque é ansioso..." ou "você sabe que é obeso por causa do psicológico".
            A obesidade - em alguns casos - pode realmente estar ligada a aspectos psicológicos, assim como os supramencionados, porém se o profissional de psicologia se deixar levar, exclusivamente, por esse clima, a possibilidade de se produzir um trabalho de forma errada é muito grande. O Psicólogo tem como a principal preocupação a saúde e bem estar do indivíduo e deve, de fato, aconselhar a ida do paciente a um médico especializado para sanar todas as dúvidas a respeito da saúde fisiológica do indivíduo, caso ainda não tenha sido feito.
            Voltando à pergunta e supondo que todos os cuidados com a saúde do paciente foram previamente tomados, ainda tenho como obrigação filosófica (através de uma ótica fenomenológica existencial) responder a pergunta de uma forma muito simples e direta: Não se pode saber previamente.
            Talvez possa parecer um tanto quanto contraditório o texto até então apresentado, primeiramente, por falar sobre algumas das causas da obesidade e um parágrafo depois dizer que não se pode saber previamente o que causa a obesidade, mas, antes que as criticas possam começar a tomar seus pensamentos, explicarei melhor tal resposta.
             Independente da queixa trazida pelo indivíduo, seja ela obesidade, ansiedade, depressão, ou qualquer outra, o profissional, pautado no paradigma da fenomenologia existencial, compreende que, antes de mais nada, é uma pessoa que está ali se queixando e que é completamente única, com vivências únicas e, principalmente, que atribui significados de forma única. Somente a partir dessa libertação dos pré-conceitos e do foco no sentido atribuído o profissional trabalhará qualquer queixa trazida.
            Como dito em outros posts, a suspensão de qualquer pré-conceito é um dos pilares do paradigma fenomenológico existencial, por esse motivo, o posicionamento do "não saber" é tão importante, só a partir dele será criado espaço para que o ser-em-si possa se desvelar com a total liberdade que lhe cabe, propiciando, assim, a possibilidade de cuidado.