A verdade
é o exemplo mais clássico de um assunto extremamente complexo e difícil para se
tratar em qualquer área do conhecimento, principalmente,
pelo aspecto da verdade ser totalmente questionável e completamente subjetiva.
Me arriscarei, entretanto, a tratar desse assunto, pois seguramente, não
ferirei nenhum dos princípios da verdade supramencionados.
Ao
falar sobre verdade impreterivelmente falamos sobre mentira. Segundo o que se
conhece sobre verdade, e para que se possam valer os princípios que a permeiam,
não entrarei no mérito da mentira.
Antes que todos comecem a pensar acerca da
mentira como inerente à verdade, adianto-lhes que a verdade e a mentira como,
comumente, são conhecidas não interessam tanto quanto, olhar para “a verdade
que desvela”.
Fatalmente
quando um indivíduo está passando por alguma intempere em sua existência é
criticado, por pessoas próximas, por, nem sempre, contar o fato como ele
realmente ocorreu. É corriqueiro, ainda, escutar de alguém em quem confiamos e
buscamos ajuda, a seguinte frase: “me conte exatamente o que aconteceu (a
verdade)”.
Segundo
o que se entende como verdade só é possível fazer qualquer coisa quando temos a
exatidão dos fatos. Para a compreensão da verdade como sendo algo certo, concreto,
objetivo e irrefutável, nada mais óbvio que ouvir um discurso verdadeiro acerca
do assunto que se vai permear a conversa, como no caso do exemplo acima. Essa
verdade em que se encerram ideias de concretude, exatidão e objetivação (Veritas) não diz tanto, para a fenomenologia
existencial, quanto à possibilidade de desvelamento a partir do sentido que se
atribui ao assunto trazido (Alétheia).
Para
um psicólogo pautado na fenomenologia existencial, saber como – exatamente – os
fatos se deram não tem tanta importância, mas, é fundamental que possa vir à
tona o sentido que o indivíduo atribuiu a respeito do assunto tratado (“a
verdade que desvela”), isso é, a verdade que é trazida pelo indivíduo. Por isso
não cabe muito ao profissional questionar, ou se prender ao porquê das coisas.
Pode
parecer incomum para a maioria das pessoas o fato de não serem questionadas do
“porquê” das coisas, mas sim, convidadas a falarem a respeito do sentido que
atribuem para os fatos – previamente – citados, entretanto, é a partir daí que
o indivíduo poderá, em alguns momentos, se desvelar e dessa maneira voltar às coisas mesmas.